segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Battle Royal - Report, Decklist e Impressões

Salve, jogadores.

Hoje é dia de falar do maior evento de Battle Scenes deste ano e, talvez, de sua curta existência. É claro que eu estou me referindo ao Battle Royal, que aconteceu neste sábado, em São Paulo. O evento reuniu, de acordo com informação do corpo de organizadores, 148 jogadores de todas as partes do Brasil e, para todos os efeitos, foi um grande sucesso. Eu estou aqui para dar a minha humilde contribuição e contar como o evento transcorreu, a partir do meu ponto de vista. Então, sem mais delongas, vamos ao que interessa.

Em primeiro lugar, o local escolhido (Estanplaza Hotel - zona Sul de SP) foi uma decisão acertada, capaz de comportar jogadores e staff com comodidade. Haviam boas rotas de saída do local e uma estação de trem muito próxima. Ponto positivíssimo para os organizadores. Torço para que a edição 2016 seja no mesmo local.

Dito isso, as únicas grandes reclamações que eu tenho a fazer podem ser agregadas em dois blocos: decisões dos juízes e tempo fixo de partida:

- Decisões dos juízes: houveram alguns casos inusitados de decisões que geraram reações...acaloradas, pra dizer o mínimo. Um exemplo notório aconteceu com o meu amigo e organizador da Liga BSSP, Leonardo Luni. Resumindo muito o contexto, na 4º rodada (se não me falha a memória), o Leo declarou uma ação de dano em sua fase de combate que encerraria o jogo ao mesmo tempo em que os juízes declararam tempo esgotado. Como o oponente negou-se com veemência a admitir o fato aos juízes, a solução encontrada pelos mesmos (nas palavras do Leo) foi colocá-los frente a frente com um tempo limite de 1 minuto para que um jogador admitisse a derrota perante o outro. Este foi um caso que me chamou a atenção, mas houveram outros de natureza similar.

Tempo fixo de partida: Se havia alguma unanimidade entre os jogadores de BS que participariam do evento em qualquer lugar do Brasil, essa unanimidade era a de que 40 minutos de jogo sem extensão de tempo era próximo a impraticável. Além disso, os juízes deixaram claro a proibição de manter um registro do tempo para os jogadores. O resultado foi que muitas partidas não só tiveram fim prematuro, mas geraram vitórias e derrotas em situações beirando o absurdo. Vários foram os casos aonde um jogador precisava apenas declarar uma ação e se sagrar vencedor mas ser impedido de fazê-lo pelo aviso dos juízes de tempo esgotado (vide caso relatado acima).

Credito ambos os fatores como incidentes de primeira viagem. Afinal, o Battle Royal era a primeira experiência da Copag com eventos "nacionais" de grande porte. Espero (e torço) para que essas questões sejam analisadas e melhoradas para o ano que vem. De resto, foi um grande evento e já estou ansioso para repetir a dose.

Antes de iniciar o report, permitam-me agradecer à STARKSHOP que acreditou no meu potencial e me permitiu representá-la no primeiro grande evento nacional de Battle Scenes. Um salve à toda equipe STARKSHOP que abrilhantou o Battle Royal!



Agora, partindo para a experiência em si, segue a decklist utilizada no torneio:

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Deck: Ultron

Personagens - 17

3x Ultron-61112
3x Ultron-14
3x Ultron-6
1x Ultron-5
1x Ultron-1
2x Cassandra Nova
2x Pyro
1x Jaqueta Amarela

Suportes - 5

2x Toupeira Mecânica
1x Armadilha Reforçada
1x Câmara Neutralizadora
1x Campo Magnético

Cenários - 10

3x A Era de Ultron
2x Retirada Estratégica
2x Estratagema Infalível
2x Invasão Secreta
1x Momento de Hesitação

Habilidades - 28

3x Investigação Silenciosa
3x Incursão Surpreendente
3x Zigue-Zague
1x Exploração Aérea
3x Resgate Enroscado
2x Enclausurar
1x Simbionte -Venom
3x Acumular Poder
2x Concentrar Poder
2x Suborno
1x Roubo de Idéias
2x Reestruturação Muscular
1x Manto de Levitação
1x Cubo Cósmico

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O arquétipo Ultron já é conhecido no Brasil todo e era esperado que ele fosse usado em grande parte dos decks no Royal. Dito e feito, haviam muitos pilotos confiando nesse modelo e eu me preparei para isso com Invasão Secreta, Toupeira Mecânica (enviar as Invasão Secreta do oponente para a base do deck era prioridade), Suborno e Jaqueta Amarela. De quebra, o outro grande deck esperado na competição era Pyro-Adaga-Portal (também conhecido como "todo o dano que você puder causar na fase de Preparação"). Jaqueta Amarela novamente, Zigue-Zague e Campo Magnético eram as minhas medidas preventivas para ele.

Com algumas experiências em Santos, o arquétipo Ultron havia caído muito de produção graças à tríade Cassandra Nova-Rei das Sombras-Selene, ao ponto de ter sido deixado de lado por boa parte de Ofensiva Surpresa. Porém, uma análise do meta e algumas tentativas diferentes de uso do deck me fizeram optar pelo exército Ultron para o grande dia. Era o deck com o qual eu me sentia mais confortável nos momentos difíceis e valia a pena correr o risco. Sendo assim...


Rodada 1 - vs. Cauê Lisboa

Logo de cara, me foi concedido um Bye. Meu oponente pegou o kit promocional do evento e não ficou para o torneio em si. Um começo frustrante depois de tanta expectativa. Bati um papo com um jogador de nome Axel, que estava ao meu lado e também tinha sido "agraciado" com um Bye. Teorizamos que estávamos em grande desvantagem a partir dali, já que o primeiro critério de desempate era a força dos oponentes que nós enfrentaríamos ao longo do caminho e é de conhecimento de qualquer jogador de outro card game que um Bye reduz seu percentual final na contagem de desempate. Como eu costumo dizer, a vida tem dessas coisas, jovens...

Também bati um papo bacana com o Danilo, um dos organizadores do evento e talvez o mais interessado em levantar dados, estatísticas e um parecer geral dos jogadores sobre o evento como um todo. Até onde pude notar, ele passou o dia inteiro conversando com os jogadores e reunindo opiniões, dados, sugestões, etc...Um salve para ele, a Copag precisa de gente assim.

1-0

Rodada 2 - vs. Nathan Couto

Aqui, eu passei pelo momento que redefiniu minha trajetória no evento. Durante os trâmites da primeira rodada, os juízes e organizadores faziam o deckcheck, a verificação das informações que os jogadores colocaram em suas decklists, para assegurar a hedoneidade das mesmas e eu fui pego no pente fino. Por uma distração (um 3 que deveria ter sido um 2), eu fui penalizado com um game loss que se aplicaria na rodada 2. Um acidente de percurso e um erro bizarro da minha parte. Mas regras são regras. O que não mudou o fato de que eu queria botar fogo no hotel inteiro naquele momento e trancar os organizadores do evento na sala principal.

É sério.

Não, mentira. Eles não tinham culpa, o erro foi meu.

Com um Bye na primeira rodada e a partida perdida na segunda rodada, eu estava bastante frustrado. Eu já havia passado duas horas no evento e não havia disputado uma única partida até ali. O transtorno com o erro na decklist, a ansiedade por não jogar, o bye desfavorável e uma derrota na conta que refletiriam negativamente no meu resultado final me afetaram bastante naquele momento. Contei com muita ajuda do pessoal de Santos e de São Paulo, na forma de palavras de encorajamento, mas estava convencido de que a minha participação no Battle Royal tinha acabado antes mesmo de começar. Sem muitas alternativas, sentei para "jogar" com o Nathan, parceiro de Santos (ah, a ironia), cedendo a ele a vitória conforme as regras. Durante o downtime, a frustração virou uma certa raiva e eu resolvi que não havia muito o que fazer, exceto jogar e esperar os resultados. O único jeito era não perder mais. Não perder nenhuma outra partida contra jogadores experientes de todo o Brasil. Seria um dia bem longo. E uma ladeira bem complicada de subir.

1-1

Rodada 3 - vs. Lucas Matos

Eis que a terceira rodada me premia com uma oportunidade de jogar com o Lucas, um jogador conhecido em São Paulo pela postura e opiniões polêmicas, mas com as habilidade reconhecidas dentro do meta paulista. Embora tenha começado a jogar BS enquanto morava em São Paulo, voltei para Santos antes de ele aparecer na cena. Fiquei feliz com a oportunidade e parti pro jogo.

Concluímos que a partida seria um mirror, ou seja, ele também estava pilotando um deck Ultron. E a iniciativa acabou sendo dele. Jogamos os recursos na mesa e ele comprou a primeira carta. Estava agradecendo à sorte por ter ambas as minhas Invasão Secreta nos recursos, quando ele declarou a Fase de Ajuste e passou o turno.

Fiquei muito surpreso, esperando que ele abrisse o jogo com a introdução típica de um deck Ultron e reduzisse minhas possibilidades, e me deparando com a cena vazia. Fiz a minha parte e estabeleci a iniciativa colocando Ultron-61112 e Ultron-14 em cena, o 61 com Investigação Silenciosa e o 14 com Roubo de Idéias. Passei e ele não fez nada no turno seguinte. A partir daí, eu apenas desci o Ultron-6 e fui estabelecendo meu ritmo com as compras enquanto segurava a mão dele com Roubo de Idéias.

Quando ele resolveu abrir o jogo, concluímos que faltava pouco tempo para o encerramento da rodada e que a sua abertura não mudaria o panorama da cena de maneira plena. Em um gesto de extremo cavalheirismo, ele cedeu a partida alegando que não queria decidir o resultado por tempo em uma série de jogadas calculadas por pontos, a favor ou contra.

Ao fim da partida, combinamos que nos encontraríamos novamente em outra oportunidade com decks mais favoráveis a um desenrolar de jogo satisfatório.

2-1

Rodada 4 - vs. Léllis Silva

Em um momento de lapso, quase esqueci a identidade do meu oponente. O colega de Lorena, terrinha distante e algumas discussões de deck a distância. Quis o destino que a gente se encontrasse ao vivo pela primeira vez como oponentes no Battle Royal.

A partida foi relativamente rápida. Chumbo trocado entre Ultron e dano na preparação, mas meu oponente colocou 15 pontos na mesa com certa rapidez. Cassandra e Pyro deram suporte para os Ultron limparem a mesa quando as coisas esquentaram e eu fiquei com a vitória em um lance bastante explosivo com direito a A Era de Ultron e Genocídio.

3-1

Rodada 5 - vs. Ueslei da Costa

Na quarta rodada, me deparei com um jogador do RJ (só descobri isso depois) que pilotava um deck de Magia. Sempre um deck muito sólido, mas que já viu dias melhores. Estava confiante de que a abertura básica de Ultron resolveria meus problemas, mas...

Nenhum Ultron apareceu na minha mão inicial. Iniciativa do Ueslei, ele abriu descartando uma das únicas duas cartas que ele manteve na mão. Deduzi que a última carta era um Convocar Reforços, passei e não deu outra. Mystério e Vampira em cena.

Respondi imediatamente com o que veio na minha mão: Pyro e Cassandra (com Roubo de Idéias). O primeiro focou o Mystério, garantindo 3 pontos de prêmio, e a segunda focou Vampira. A resposta rápida deixou o Ueslei sem cartas na mão e sem poder de resposta. O restante do jogo foi meu oponente confiando na carta de compra e tentando impedir Roubo de Idéias. Fui consistemente marcando os pontos e usando minha superioridade numérica de mão e campo até conseguir a vitória.

4-1

Rodada 6 - vs. Axel Sarmento

Enquanto eu "curtia" o Bye da primeira rodada, comentei que:"...Bati um papo com um jogador de nome Axel, que estava ao meu lado e também tinha sido "agraciado" com um Bye...".

Pois bem. Olha o cara aí. Jogador do RS e piloto de um deck no estilo Pyro-Adaga. Rimos da ironia e partimos pro jogo. Iniciativa dele, pra variar.

O Axel colocou apenas três recursos no início da partida e os usou para descer o Mago, colocando mais um card nos recursos (Adaga Psíquica). Como minha mão inicial veio sem Ultron, respondi com Toupeira Mecânica para retirar a Adaga que ele descartou. Ele destruiu a Toupeira com o Simbionte - Venom que o Mago carregava na Antecipação e depois em sua própria Fase de Ataque.

Entrei no jogo Cassandra (com Roubo de Idéias) e Ultron-61112, eliminando o Mago e passando a controlar o jogo.

Ele não respondeu por muito tempo, esperando cartas para voltar para o jogo. Quando o fez, já quase sem cartas no deck, não havia o suficiente para desconstruir o meu lado da cena e eu respondi com força, aproveitando os recursos que eu havia juntado em turnos contínuos de Investigação e Roubo, encerrando o jogo.

5-1

Rodada 7 - vs. Keny Galvão

Outro mirror, dessa vez contra um jogador de Fortaleza.

Iniciativa minha, com uma Investigação, mas somente com Ultron-14 e Ultron-6. Fiz o que pude, descendo um Ultron-14 com o U-6 carregado para anular uma opção dele. No seu turno, ele usou o Ultron-61112 dele com Resgate Enroscado para gerar uma vantagem de mão que eu já considerava intransponível.

Nada veio para mim que me possibilitasse uma explosão de deck, enquanto ele continuava a comprar muitas cartas com o Resgate Enroscado que virou 3 cópias dele mesmo durante as compras. Mas o combate era quase nulo, já que um não conseguia transpor as defesas do outro.

O momento de definição foi quando meu oponente baixou uma Cassandra Nova, travando meu U-14, e um Ultron-6. Neste momento, já havia uma Invasão Secreta nos meus recursos e eu baixei o meu Ultron-6 em resposta, junto com um Ultron-1, o que me permitiu usar a carta comprada naquele turno para reverter o jogo: A Era de Ultron. Fiz os 3 pontos libertando o meu U-14 e deixei o U-61112 dele com 2 cartas. Ele aproveitou a imensa vantagem de mão para voltar ao jogo e colocar outra Cassandra em cena, junto a um Pyro, pronto para derrubar meu U-14. Um Jaqueta Amarela na minha mão impediu o feito.

No turno seguinte, outra A Era de Ultron comprada(!), nocauteando a segunda Cassandra e a resolução do jogo, já que meu oponente não tinha antecipações na mesa, com Pyro e U-61 fechando a conta.

6-1

Rodada 8 - vs. Jhonattan Nascimento

Antes do anúncio da última rodada, caiu a ficha. Eu havia conseguido subir a ladeira. Mais uma vitória e um dia que começou de maneira trágica poderia terminar sendo o total oposto.

Mas, como diria o poeta, a vida é loka.

Eu era o 6-1 com menor percentual entre os colocados e fui emparelhado com o melhor 5-2 naquele momento. O duelo essencialmente decidiria uma das últimas vagas do top 8. E o meu oponente era um parceiraço de Santos, uma inspiração pra voltar a pilotar um deck Ultron, além de excelente jogador, que mereceria muito uma eventual classificação para as quartas-de-final.

Agora, sim, eu queria botar fogo no hotel.

Parecendo que ambos tínhamos voltado de algum funeral, fomos para o jogo. Ganhei a iniciativa e me lembrei de que seria um mirror. Pensei a estratégia, comprei as cartas e...nada de Ultron na mão. Sabendo da urgência de uma abertura forte, me forcei a descer Jaqueta Amarela com Investigação Silenciosa, desesperado por um Ultron, que não veio. Passei com a certeza da derrota iminente e o Jhon abriu...com um único Ultron em cena (61112) e sem aceleração. Esse jogo estava errado de diversas maneiras...

Travei o Ultron dele no turno seguinte com Cassandra Nova e o Suborno recém-aparecido. E tome Investigação. E nada de Ultron.
Passei, ele fez as suas buscas com os Ultron e também passou. Mais uma Investigação...e o Ultron-14 aparece em toda a sua glória. Exceto pelo fato de que ele não aceleraria em nada o deck. Desci o gigante e torci pelo melhor. Ele finalmente desceu o Ultron-6 e fez o que pôde.

Alguns turnos com pouca ação depois, ele liberta o U-61 da trava da Cassandra e o desce novamente, mas faltava capacidade ofensiva a ele pra definir o jogo. Pouco a pouco, o Jaqueta Amarela, a Cassandra e o Ultron-14 solitário iam minando as defesas. No fim, os dois Ultron dele seriam nocauteados, junto a um outro Ultron-61112, fechando o jogo.

O resultado final seria traduzido aqui:



Classificado para o top 8, por incrível que pareça. Com a sensação de dever cumprido, mas querendo mais, fui emparelhado contra o Fabianno Xavier, de SP. Infelizmente, o nervosismo me fez cometer um erro crasso na partida. Outro mirror, jogo dele quase pronto, surgiu a oportunidade de descer um Ultron-14 (que ele já tinha na mesa) com Invasão Secreta. Investiguei, com a chance de virar o jogo e assegurar a vitória...e a besta aqui coloca Retirada Estratégica em cena, retira o Ultron-14 e o recoloca em jogo. Sem Invasão Secreta nos recursos. E lá se vai o torneio.

A partida acabaria por tempo, mas o Fabianno é um jogador exemplar e terminaria a competição em 2º lugar. Avanço mais que merecido. E me restou o consolo de uma excelente história pra contar.

O report acaba aqui. Com um gostinho de "até o próximo Royal" e a certeza de um desempenho muito satisfatório, apesar dos perrengues durante o dia. Sou grato a todos que compartilharam esse dia comigo e espero que tenham gostado do report. Até a próxima e avante, jogadores!


6 comentários:

  1. Parabens Daniel! Representou a Baixada Santista o/

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  2. Muito Loko!!! Ótimo report e excelente desempenho!! Parabéns Daniel.

    Abs, Airon Toledo

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  3. Meu nome é Keny Galvão, não Rony. Gentileza modificar. Parabéns pelo resultado!

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  4. Parabéns Mano. Bela história. Obrigado pelas palavras

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  5. Valeu, Keny. Desculpa pela confusão e muito obrigado!

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  6. Valeu pelo elogio cara, bacana que curtiu minha cobertura!
    A única coisa que não sou funcionário da COPAG nem nada, só um grande fã do trabalho do pessoal mesmo!

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